Foi sensacional a participação do escritor Carlos Heitor Cony na Bienal de São Paulo, falando sobre “Quase memória, quase romance”, isto é, sobre essa linha tão incerta que divide a realidade da ficção. A mesa, realizada domingo, 24 de agosto, no Salão de Ideias, foi composta também por mim e por Ruy Castro, cada um falando de suas experiências em torno do assunto. Mas o ponto alto da noite foi sem dúvida Cony, autor, como todos sabemos, do belíssimo livro cujo título é justamente “Quase memória”, lançado há quase vinte anos.

Cony, 88 anos, sofreu um pequeno acidente durante sua participação na Feira de Livros de Frankfurt, no ano passado, e o tombo teve consequências sérias, deixando-o em cadeira de rodas. Mas a dificuldade de locomoção não é problema para ele, que faz questão de participar de feiras e debates por vários pontos do Brasil.  A arena do Salão de Ideias da Bienal já estava lotada quando ele chegou em sua cadeirinha de rodas elétrica. Assim que começou a falar, com o humor mordaz de sempre, Cony soltou farpas para todo lado, fazendo inclusive piada com a própria situação. A plateia veio abaixo.

Ao final da conversa, muitas pessoas comentavam sobre a energia dele, apesar de todos os problemas de saúde. E a conclusão era uma só: aquela vitalidade vinha da força da escrita. Como em uma história das mil e uma noites, Cony se salva pela palavra. E ele não é o único.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *