Tenho assistido, pelo menos uma vez por semana, aos ensaios da peça que escrevi, “O lugar escuro”, e que estreia dia 4 de janeiro no Espaço SESC, em Copacabana. Sob a direção de André Paes Leme, as atrizes Camilla Amado, Clarice Niskier e Laila Zaid estão penetrando na história dessas três mulheres, avó, mãe e filha, cuja vida foi abalada pela doença de Alzheimer. Não falo por mim, porque como autora sou suspeita, mas o que ouço e percebo nos ensaios é que a história está mexendo profundamente com as atrizes e com todas as pessoas envolvidas. Espero que o público sinta a mesma coisa.

“O lugar escuro” foi adaptada a partir do livro do mesmo nome, que escrevi em 2007 para a editora Objetiva. Na época, durante entrevistas e palestras de que participei por vários lugares do país, eu me defrontei, inúmeras vezes, com uma verdadeira tempestade emocional. Era impressionante ver a comoção que o assunto provocava nas pessoas.

Hoje em dia, quando a expectativa de vida cresceu muito, é raro encontrar alguém que não tenha um parente ou conhecido com Alzheimer, ou sofrendo de alguma demência senil correlata. Por isso, tudo o que acontece em torno da doença interessa a tantas pessoas. São questões como a fragmentação das relações familiares, as velhas mágoas, os rancores, o absurdo de se conviver com a loucura, o medo de enlouquecer também e os caminhos para se salvar, ou pelo menos para tornar mais suportável a situação. E tudo isso é abordado na peça.

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